Bad Hair Life



Eu tenho uma amiga, que eu já falei por aqui várias vezes, que é maravilhosa e praticamente não parece real. É o tipo de estereótipo de beleza que todos nós deveríamos querer seguir (e queremos, geralmente, mas que é impossível para a maioria) da magra e loira. Todos os dias ela chegava no trabalho impecavelmente maquiada, e com o cabelo platinado sempre muito bem arrumado, com as pontas levemente onduladas, a franja reta e sem uma gota de óleo. Uma menina disse:
- Ai, que sonho, queria ter o seu cabelo.

Ao que a Flávia respondeu:
- É só você acordar uma hora mais cedo, secar com secador, passar leave-in bom e um babyliss.

A parte de fazer tratamentos mensais em salões caros era subentendida. O pior é que a proximidade acabou me fazendo ver outros lados do cabelo sempre magnífico loiro da Flávia, que era fino, que tinha uns fiapos estranhos everywhere, enfim, cabelo como todo cabelo do mundo. Tem dias bons, tem dias ok, tem dias cruéis e tem dias lindos.

Mas aí tem o meu cabelo.
O meu cabelo.

Apenas nasci na época errada


Em fotos eu engano, tem todo aquele discurso que a Flávia falou de sair mais cedo, fazer escova, etc. As pessoas se surpreendem, acham que é brincadeira, até que elas pegam um pouco mais de intimidade e percebem isso mesmo. Meu cabelo é simplesmente o cabelo mais rebelde e absurdo que eu já vi, uma evidência clara que não se pode ter tudo, que quem manda na sua cabeça não é você, que a vida não é bem assim.

Juro que um dia foi assim




Quando eu tinha uns 14 anos ele era bem cacheado, mas aí eu fiz uns 18 e ele melhorou bastante. Aos 19, era lindo, de fazer inveja. Nesse período fui para uma festa de formatura cheia de gente com olho gordo e ele caiu inteiro, eu cortei curtinho e ele ficou liso (?) (foto acima), e então cresceu. Continuou tendo momentos bons e momentos ok, até que, BUM! Olha só, você dormiu com um cabelo bom, e acordou com essa vassoura esfiapada aqui na sua cabeça. Quem foi que achou que eu não ia notar a diferença?

O pior de tudo é ouvir os seguintes comentários:
- Mas você tem que fazer hidratação em casa.
- Olha, mas sua fibra é boa, ela só é meio rebelde.
- Nossa, mas não é que o toque é bom?

Eu pago xampus caros, cremes caríssimos, leave-ins que não duram nada no meu armário, óleo especial miraculoso, essas coisas. Eu nem seco o cabelo! Não é que ele seja maltratado de tanto eu puxar com a chapinha, ou daquela minha atividade física incrível que envolve suor, sal, mar e parafina. Não. Eu lavo o cabelo a cada dois dias, passo creme (caro! CARO!), eu passo leave-in, eu seco com toalha de algodão, eu compro pente de madeira, enfim, faço o que for para essa caralha ficar bonita.

E. não. fica. Nunca. Mais.

Não sei se foi macumba que jogaram, mas já acendi velas e pedi pra Deus e nossa senhora tirarem esse negócio de mim. Quero meu cabelo de volta! Me mostre uma técnica que eu não tenha tentado. Só fica bonito com escova, e eu não sei fazer escova, então o que posso fazer? Gastar rios de dinheiro e maltratar ainda mais com o calor? Não tem um relativo à são longuinho, do tipo, se você fizer meu cabelo ficar bom, eu dou uns mil pulinhos?

Não sei se meu cabelo gosta é de apanhar. Será que se eu lavar com sabão de côco ele para de ser essa piada e volta a ficar bom? Duvido. Enquanto isso, sigo testando todas as novidades capilares, e aprendendo cada vez mais a fazer penteados (viva o Pinterest), porque apenas MB e minhas amigas para me verem todos os dias acordar com essa juba e continuarem me amando.

Aqui vai uma foto para vocês não falarem que estou exagerando.


Aceito Jabá da Kerastase

Pedaços amorfos de cabelo que não forma cacho e se odeia tanto que se repele, cachos amassados estranhos e uma dose extra de frizz para coroar. Quero ver Dove me chamar pra fazer propaganda de xampu para cabelos indisciplinados.

Não sei a quem agradeço por ter colocado os coques de volta à moda, e se vocês um dia me verem de cabelo solto bonito, saibam que foi um alinhamento de planetas. Ou então que acabei de gastar mais quinhentos reais no salão num novo tratamento que disfarçou tão bem que, na próxima lavada, meu cabelo fará questão de renascer mais volumoso e mais bizarro.

Por favor, volta.


Ah, e pra completar, mês passado decidi cortar uma franja.

25 anos. Mora no Rio de Janeiro, é carioca de alma, mas cearense de coração. É designer e está tentando se encontrar nesse mundo. Sou casada com meu melhor amigo, o Marcelo Bernardo, e mãe da Dindi the Boston.

Gosto de ler, de dormir de rede, de inspirações repentinas e de petit gateau. Mas o mundo seria muito melhor sem aliche gente que fura fila. Ah, e de vez em quando eu desenho.

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Esse blog está vestido com as roupas e as armas de Jorge, porque ninguém há de copiar esses textos e ilustrações sem dar o devido crédito.