Sobre estilos e perfumes

Acqua de Giò, o cheiro das sextas-feiras. Minha mãe sempre usou esse perfume (desde quando consigo lembrar), mas só pra sair, assim, já depois de ter colocado o salto. Era um cheiro tão mágico e misterioso, que quando eu era pequena corria de vez em quando para o armário do quarto dela e sentia o perfume, forte demais dentro do frasco, mas incrível no contato com a pele (dela). Cheiro de mãe. E o patchouli do papai também, o cheiro de madeira, que ele colocava só uma gotinha atrás de cada orelha. O perfume acabou faz tempo, mas ainda é a cara dele.

Eu nunca tive tanta sorte em ter um cheiro só meu, talvez por ainda estar virando adulta (ok, agora já sou), e por não ter um estilo muito definido. É que sei lá, às vezes dá vontade de sair de casa feito mendigo, às vezes super vintage, às vezes meio ~roqueira~. E notei que meus perfumes (escolhidos principalmente pela promessa de uma vida em Paris feita pelas propagandas) acompanham essas minhas vontades. E meus perfumes duram uma eternidade, porque não sou de passar muito.

Quando eu era pequena, de cabelinho Amelie, era só o Lavanda Pop que eu usava. E até hoje ainda tenho um frasco, que sempre reponho quando acabo, pra todo dia. Que é quando eu não estou muito inspirada, ou não estou sentindo particularmente nada de especial - me sentindo meio 80% preguiça e 20% eu, me empurrando vida a fora. Aí fico de lavanda, porque pelo menos tem aquele cheirinho de banho recém tomado que acompanha o dia inteiro.


Lavanda Pop - O Boticário

Tem dia que eu acordo meio Farm. De cabelo solto, de vestidinho, de blush coral no rosto e Daisy atrás das orelhas. É um cheiro floral, meio animado, meio leve, com jeito de verão. É doce sim, mas é mais primaveril que qualquer outra coisa. São nesses dias que quero botar flores no cabelo cheio de tranças. Isso geralmente não acontece, porque por mais que Julia Petit ensine, quase nada é absorvido, mas fica o espírito. Eu amo o Daisy e estou no meu segundo frasco.


Daisy - Marc Jacobs


Mas aí tem dias que eu estou mais Nina. É meu estilo roqueira fake, ouvindo Foo Fighters e querendo o cabelo fora da nuca. Se eu estou de delineador, tem uma chance enorme de eu estar Nina. É doce, mas é tão atrevido. Estou no meu terceiro frasco já, e minha mãe comprou errado da última vez e trouxe o Nina Elixir, que é mais cheiro de banho ainda (amo cheiro de banho), mais suave: ou seja, muito melhor.


Nina Elixir - Nina Ricci


Tem dias que eu acordo com os cabelos de rolinhos e Russian Red. Dá vontade de assar bolos, usar salto. Esse perfume é super especial porque, além de LINDO, foi Marcelo Bernardo que me deu (e coube a ele dar a palavra final de qual ia escolher), então o cheiro do Ricci Ricci é reservado somente a ele, embora tenha sido o perfume que levei para morar em Londres (para lembrar dele, awn).

Ricci Ricci - Nina Ricci
Meu perfume da night eu ganhei em 2005 e ainda estou nele – um comparativo absolutamente realista da frequência que eu vou para a night. Tem que ser um momento meio específico que eu não esteja me sentindo muito roqueira, ou muito vintage, e sim com uma vontade simples de arrasar, o que faz com que eu praticamente nunca use esse perfume. Foi o primeiro perfume legal que eu ganhei e meu pai que me deu, meio a contragosto, e nem acho ele muito parecido comigo, mas ele tem o seu lugar cativo no meu armário.

Laguna - Salvador Dalí

E por fim, a ode ao meu amado, recém descoberto, recente paixão arrebatadora. Quando senti o cheiro desse perfume, imediatamente fui levada a um quarto amplo, com uma cama de edredom branco de plumas, travesseiros perfumados e uma cortina de algodão sacudindo na janela, and I kid you not. Desde Setembro que não quero saber de outra coisa além do cheiro incrível, fresco e doce do Chloé. Como diz Marina Smith, só duas borrifadas e sua conta bancária vai para os milhões. Quando estou com esse perfume ninguém passa na minha frente na fila porque sou uma menina, e sim uma jovem e rica mulher. Sim, é esse tipo de coisa que acontece comigo quando estou usando o Chloé. É tipo o meu anel do Lanterna Verde, a cueca de foguetes da sorte do Calvin. A propaganda é verdadeira e dá vontade mesmo de ficar deitada na cama abraçada com um frasco gigante, porque gente, esse é o perfume da minha vida.

Chloé Eau de Parfum
E como o Chloé agora sou eu, não importa o que eu esteja usando, uma mistura absoluta de todos os looks, se estou com vontade de mendigar e passar o dia de moletom, esse perfume é a poção pra que o mundo fique um pouquinho melhor.

Obs: eu provavelmente deveria ter falado sobre as notas de fundo, ou algo assim, mas simplesmente não vejo como notas de cereja adamascada fazem diferença na minha vontade de sair de casa de sneaker ou de chinela havaiana mordida.

Obs 2: fiz uma página para o blog! Curta! Vai ter ilustrações em tempo real, outras divagações e alguns dizem que até bolo!

Retrospectiva Literária 2012

Ano passado, comecei a escrever esse post e deixei pela metade. Os critérios são os que a Anna Vitória postou no So Contagious em 2011, porque ia ficar meio boring sair dizendo livro por livro, quando na verdade alguns foram tão sem graça que nem contam. Participação do Marcelo Bernardo, porque ele leu muito mais livros do que eu, e a gente sempre discute esse tipo de coisa mesmo.


 A gente fica olhando pra cima por causa da estante, hahah


Os possíveis indicados:

Gabriela leu em 2012:
Fragile Things - Neil Gaiman
Harry Potter das Páginas para a Tela - McCabe
A Juba do Leão - Arthur Conan Doyle
Habibi - Craig Thompson
Chunky Rice - Craig Thompson
Festim dos Corvos - George R.R. Martin
Koko be Good - Jen Wang
Flight 2 - Comics Anthology
Smoke and Mirrors - Neil Gaiman
Dança dos Dragões - George R.R. Martin
Mundo de Zofia - Kelly Link
Ensaios - Truman Capote
Anansi Boys - Neil Gaiman
Um dia - David Nicholls
Além do Planeta Silencioso - C. S. Lewis
A Culpa é das Estrelas - John Green
A Casual Vacancy - J. K. Rowling
Stardust - Neil Gaiman
Harry Potter e a Câmara Secreta - J.K. Rowling
Biografia do John Lennon - Philip Norman (terminando ainda)

Marcelo leu em 2012:
Um estudo em Vermelho - Arthur Conan Doyle
Calabar - Chico Buarque
O Círculo Vermelho - Arthur Conan Doyle
The Complete Poetry of Edgar Allan Poe
Anansi Boys - Neil Gaiman
Antologia Poética - Fernando Pessoa
Duma Key - Stephen King
Sentimento do Mundo - Carlos Drummond de Andrade
Budapeste - Chico Buarque
Around the World in 80 days - Jules Verne
Antropofagia - Caetano Veloso
João Gilberto (edição Cosac Naify)
Perelandra - C.S. Lewis
A lenda de Sigurd e Gudrun - J.R.R. Tolkien
Hans Christian Andersen Complete Fairy Tales
A Dança dos Dragões - George R.R. Martin
O Festim dos Corvos - George R.R. Martin
A Tormenta de Espadas- George R.R. Martin
A Onda que se Ergueu no Mar - Ruy Castro
Para Seguir Minha Jornada (Biografia Chico Buarque) - Regina Zappa
João Gilberto - Zuza Mello (coleção Folha)

Os Quereres


Estava tentando fazer a minha wishlist de Natal, começando a me atormentar pela pressão de ter que escolher tudo que eu sempre quis, e nunca tive coragem de comprar - e esperar pacientemente a noite do dia 24 para, depois de ter me esbaldado nas duas ceias de família, abrir todos os meus presentes e descobrir o que ganhei. Eis que, olhando pra folha em branco e praticamente espremendo meus pensamentos me perguntando o que eu quero, cheguei num momento único vivido até então: o que quero, ninguém pode me dar.

Meu armário está cheio de vestidos lindos que já usei, mas quero usar de novo ainda muitas vezes, até enjoar. Shorts eu me viro nos DIY, transformando calças masculinas de brechó de R$ 15 com água sanitária e lixa até ficar com carinha de R$ 259 - então não. Blusas também tenho várias que ainda nem consegui usar. Acessórios eu encontrei minha mina de ouro, alma gêmea e companheira para horas ociosas, o eBay. Perfumes já encontrei o da minha vida, e no quesito maquiagem me sinto completa com minha Naked Palette e meu Benetint/Moon Beam da Benefit. Tenho uma bolsa de estimação que supre todos os meus looks (bolsinha verde da Farm, amor verdadeiro, amor eterno), e embora meus sapatos de sair estejam meio desfalcados, não senti meu coração palpitar por nenhum último lançamento da Santa Lolla. E, respirando fundo pela primeira vez, refletindo sobre tudo, percebi que isso só consegui enxergar meu closet abarrotado de coisas legais com meu detox de blogs de moda. Não preciso de tudo.

É incrível como passar um mês sem ler repetidamente, dia após dia, que você precisa dessa nova calça, e não vive sem essa camisa de botões que arrematam o look com maxi colar Shorouk inspired, faz com que você consiga se afastar dessa loucura do consumo desenfreado, e ver o que realmente você quer. Parece exagerado, mas é como ver através de uma névoa.

Eu quero dias calmos, quero dias de folga. Quero acordar tarde, sentir o sol no cabelo e o sal no rosto, o silêncio incrível da casa de praia. Eu quero ver o sol. Eu quero rir até ficar com falta de ar. Eu quero tirar fotos lindas e ter tempo de editá-las, fazer um álbum, e poder revê-las com carinho. Eu quero desenhar o mundo, quero aquarelar todos os meus projetos, e quero testar todos os brushes que existem nesse infinito do Photoshop. Quero treinar, quero desenhar por prazer, e quero me perder escrevendo cenas pela madrugada, simplesmente incapaz de dormir porque meus personagens não deixam. Eu quero ter festas pra onde ir, estreando meus vestidos, e mostrando pro mundo as maquiagens que eu gosto de perder tanto tempo aprendendo no YouTube. Quero curtir e manter a minha ruivice momentânea. Eu quero ajeitar esse layout, e quero postar sempre, ao invés de ficar esperando o momento que nunca vem. Eu quero ir a restaurantes novos, e quero testar receitas novas... Quero ter tempo para procurar receitas novas, e coragem para desbravá-las. Quero acertar fazer hashbrown e fazer rabanadas. Quero que o Natal chegue, quero preparar a ceia, quero rir com meus avôs e ser mimada pelas minhas tias. Quero um tempo leve, sem dor de cabeça, para que eu possa aproveitar tudo que tenho de material, ao invés de simplesmente ter. Quero viver.

Agora, livros são sempre bem-vindos.
E todo mundo sabe o que eles dizem sobre diamantes, viu, Marcelo Bernardo?

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Estou meio monotemática/batendo na mesma tecla, mas o que posso fazer? Eu mesma bato nessa tecla todo santo dia, toda hora, a cada momento salvando imagens no computador da firma. Quem sabe se eu superar essa fase que é viver na pressão da moda, e voltar a conseguir viver a vida leve, eu volte a falar de coisas simples e queridas. Essa é a meta, pessoal, vamos conseguir antes que o fim do mundo chegue!

Pudding Desconexo

Quando tinha 16 anos e passei no vestibular para moda, acabei indo fazer um semestre de jornalismo. Como toda adolescente que adorava escrever, era a opção até natural - mas acabou que a única coisa que aproveitei desse um semestre sofrido na faculdade particular foram as aulas de Design Gráfico, que me ajudaram (e ajudam até hoje) nos anos seguintes. Estava terminantemente decidida por moda, pelo design... E mal sabia eu que ia amar fazer meu TCC, anos depois, e poder entrevistar as pessoas, e passar dias escrevendo sobre isso, me sentir no fechamento de uma edição regadas a café, e tal. Ah, as voltas que a vida dá. Eis que um dia, na querida Máfia, surge a oportunidade de entrevistar uma amiga mafiosa. Acabou que a vida (de novo ela) me enrolou e quase não consigo pensar em perguntas que fizessem jus à tudo que eu poderia querer saber sobre a minha entrevistada, colocando meu lado jornalístico adormecido chorando no cantinho, mas enfim, vamos a ela:


A Alessandra Castilho de Souza Rocha, ou Ale, que comanda o Desconexa Sensação, tem esses olhos incrivelmente verdes e só 19 anos (e 5 meses, 2 semanas, e 4 dias... Ok, quase vinte). Nasceu e foi criada na Paulicéia Desvairada, conhecida como terra da garoa, popularmente apelidada de São Paulo. A Ale divide o tempo dela entre fingir que estuda Design Gráfico e trabalhar numa livraria, e no tempo que sobra come, dorme, assiste tv, lê e come mais um pouco.

BEAUTÉ
A Ale tem os cabelos curtos, cacheadíssimos, mas desde que estamos na máfia esse cabelo já foi enorme, liso, repicado. Ela diz que nunca sai do cabeleireiro duas vezes com o mesmo corte. Como toda entusiasta da beleza, que tenho pastas e mais pastas de inspiração capilar guardadas, me perguntei qual a próxima inovação capilar: "Quero escurecer os fios mais um pouco, e quem sabe deixar ele crescer mais um pouco pra fazer aquelas mechas arco-íris, tipo a da Katy Perry no clipe de Firework. Quem sabe?"

E no resto do corpo, mudaria alguma coisa? Como toda mulher, a Ale se diz mestra em achar defeito em si mesma - "Não gosto das minhas pernas e pés, e não me importaria em ser alguns centímetros mais alta, mas acho que se não fosse assim eu não seria eu"

PROFISSÃO
O drama que envolve a escolha da profissão a acompanha desde o colegial. "Durante toda a vida acadêmica enfiaram na nossa cabeça que escolher um profissão é uma coisa importante porque é o que vamos fazer pro resto das nossas vidas. Mas depois do colegial a gente tem a certeza de que nada é para sempre e que eu posso muito bem ter várias ocupações que se complementam". Depois de terminar a graduação tecnóloga em Design Gráfico, já tem em mente mais duas que gostaria de cursar. Não apenas para seguir carreira, mas pelo simples desejo de se aprofundar mais sobre outras áreas. "Mesmo que eu não vá trabalhar na área acho que estou aprendendo coisas extremamente pertinentes que vão me ajudar algum dia." Com toda a calma do mundo, já que graduações levam tempo, ela se diz feliz com suas escolhas, já que tudo que fez no que concerne profissões possibilitaram o encontro com pessoas maravilhosas da área, que têm muito o que ensinar. "Sou extremamente grata por isso."

INTERCÂMBIO
Até a metade de 2012, a Ale passou uma temporada em Dublin, na Irlanda. Quando questionada o que vinha em sua mente quando pensava nesse tempo, vieram as lembranças das festas, dos amigos. De passar momentos de reflexão pessoal sentada no parque, ou andando às margens do rio Liffey. "Acho que tudo isso pode ser resumido nas coisas que aprendi lá".

Liffey River

E na saudade que você só passa a conhecer quando mora fora, ela destaca:
"Lugares que já estive, pessoas (mesmo as que estão quase sempre por perto) e não posso deixar de citar o grande Renato Russo ao dizer que com certeza sinto falta de tudo o que eu ainda não vi, principalmente as quais infelizmente eu não tenho mais como ver."

FUTURO
Em 10 anos planeja estar escolhendo o apartamento dos sonhos, num trabalho que a realize - de preferência, um trabalho descolado que evite a rotina -, saindo para happy hour com amigos e colegas de trabalho para comemorar, sempre, suas conquistas. Alguém duvida que ela vai conseguir tudo isso?

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Esse foi o Pudding brincando de revista feminina com a linda da Ale. Fui entrevistada pela Rafinha, e você pode ler as minhas respostas tolas aqui.

O.k.




Depois de um arroz piamontês que não fez o prometido, me vi em casa numa quinta-feira útil depois de uns 10 meses trabalhando. Mas quem estava inútil era eu, e não pude fazer nada além de me deitar na cama, ficar com cólica, e sentir uma culpa meio ilógica de não estar trabalhando. Sim, virei adulta e nem notei.

Mas a grande sorte é que eu não estava sozinha: depois de finalizar Além do Planeta Silencioso, o próximo da pilha era o tão bem falado A Culpa é das Estrelas

Embora todo mundo tenha se derretido em elogios e eu até já soubesse de cor algumas frases de impacto, eu ainda não me compactuava com a proposta do livro. Câncer. Romance. Adolescentes. Ingredientes do tipo de livro que eu não lia desde os meus 15 anos, quando abandonei os romances água-com-açúcar em prol de livros mais substanciosos. Falo isso sendo irônica, lógico, porque na verdade, eu só leio livros de ficção, quanto mais fantasiosa melhor. Como diria o Marcelo: um livro que não tem sequer uma menção a um centauro nem vale a pena ser lido.

Eu amo mundos fantásticos, amo realidades paralelas, animais estranhos, poderes mágicos, deuses na terra, seres invisíveis, tramas que não consigo compreender, e todo esse tipo de coisa. Não é que eu não goste do romance (que, aliás, é uma das coisas que eu mais gosto nos livros de ficção) mas sempre alguma coisa de verdade aconteça que não somente a dúvida de que horas eles vão deixar de baboseira e conseguir ficarem juntos.

Depois de voar por Um Dia (que achei o Dexter um idiota muito grande e que mesmo assim me doeu vendo desperdiçar a sua vida em prol de simplesmente ser legal, mas não cheguei a me emocionar, e nem a me envolver, e nem torcer pra que eles ficassem juntos, e nem chorar quando o fim chegou, só ficar com um leve aperto, leve mesmo), a perspectiva de ler outro livro sem ser fantástico já me deu um pouco de preguiça. Já tinha separado na ordem dos livros To Read logo uns dois de fantasia, tipo uma detox de romances. Mas aí comecei a ler ACdE.

Não sei o que foi que aconteceu, mas logo na primeira página, eu grudei no livro de um jeito que não lembrava que era possível. Sim, foi a Hazel, foi o seu mau humor e, ao mesmo tempo, a sua índole de simplesmente boa filha (porque não entendo direito adolescentes rebeldes), mas foi mais do que isso. Foi tão mais que não consigo explicar.

Essa é uma resenha (se é que se pode chamar disso) que o crítico (HAHAH) nem consegue descrever o livro, de tão... especial. Tinha romance, sim, mas tinha muito mais. E não era simplesmente "a batalha contra o câncer", nem somente infinitos maiores que outros, e nem o final que começou a querer me pegar de surpresa, depois passou a óbvio (eu nunca consigo ver o óbvio nos livros), para depois passar a ser o A Culpa é das Estrelas. Indescritível. O sentimento de terminar o livro logo, e ao mesmo tempo não terminá-lo nunca. Faltando umas oitenta páginas, desliguei a luz e me enrolei, apenas para ficar com os olhos arregalados no escuro, incapaz de me desfazer. Liguei a luz de novo e só parei quando tinha terminado. Em um dia tinha começado e terminado um livro, coisa que não acontecia desde que eu lia Harry Potter (um dia livre que foi generosamente cedido a mim pelo arroz com creme de leite estragado).

E fiquei no escuro, ainda os olhos arregalados, pensando. Tentando absorver o que tinha lido, mas ao mesmo tempo incapaz, e sem conseguir deixar de pensar nas duas mortes que tinha vivenciado esse ano. E eu falo sério agora. A primeira, do meu melhor amigo, que me acompanhou desde os meus cinco anos, mas que eu sabia que ia morrer. Eu quase desejei que ele morresse, mas não desisti nem um segundo sequer de cuidar dele, e para quem me acha insensível de comparar uma criança morrendo a um cachorro, não me conhece (eu, que olho pra uma pessoa e a elogio comparando a um cachorro, e escuto um "vindo de você, eu fico muito feliz, mas só porque eu sei como você ama cachorros"). Seus dias estavam contados, eu sabia disso, e já tinha transposto a barreira do sofrimento, ficando feliz por ele conseguir enfim descansar, e ao mesmo tempo me deixar descansar também. Mas isso não significa que eu não tenha ficado desolada com a sua partida, e chorando por vários dias quando ele se foi. Eu perdi meu melhor amigo.

E depois, a Fita. Que com apenas 10 dias na nossa casa e apenas 3 meses de vida, sofreu pela irresponsabilidade da dona do canil, e faleceu de uma doença que acabamos comprando com ela. Sofri ainda mais, teria chorado a noite inteira não fosse os remédios santos para dormir, e chorei os próximos dias também. Em apenas 10 dias ela tinha me amado, me mordido, se aconchegado em mim, feito melhores amigos com bichinhos de pelúcia esquecidos, me mostrado a vontade de viver que um filhote tem. Ela queria tanto viver, e eu queria tanto viver com ela, mas, não deu. E esses dez dias foram suficientes para deixar, "literalmente", uma ferida aberta no meu peito. Alguns infinitos são maiores que outros.

E agora tudo mudou, e uma tarde normal no trabalho fica numa sombra de pensar que, no dia anterior, eu estava lendo um livro que poderia me tocar profundamente. Quero que todos leiam, quero emprestar pra todo mundo, mas ao mesmo tempo já guardei no cantinho especial da minha estante, marcado com os Melhores Post-its Do Mundo. Mal consegui pegar no sono ontem, de tão arrasada, e ao mesmo tempo preenchida de um amor meio louco pelo livro, que eu estava. E a traição que segue ao terminar um livro bom chegou, e eu já estou lendo outro, mas meio com distância (em sinal de respeito, talvez), meio olhando pra lombada azul quietinha me olhando. O.k.




Sobre o Ter

Segunda-feira de manhã no trabalho, todo mundo no ritmo devagar quase parando, começando a esquentar os motores. É o tipo de dia que eu não tenho muito critério na hora de escolher uma roupa (essa calça, essa blusa, esse cinto, vai esse sapato... E que colar mesmo? Ok, esse tá bom, vamos), mas eu tenho uma amiga que sintetiza exatamente esse exemplo da Irena. A Ana Flávia, vulgo Barbie, faça chuva ou faça sol, está sempre linda. De delineador, sombra, acessórios, tudo coordenadinho. E lindo.

Então, numa segunda-feira devagar, eis que Ana Flávia surge com o seguinte sapato:


Tapa na cara da sociedade da preguiça. Todas as tendências juntas, transparência, spikes, metalizado, captoe, tudo que a gente sempre desejou na última semana, sintetizados numa sapatilha só. Que fez com que todo o setor desses suspiros de admiração, perguntasse toda a ficha técnica, quanto tinha sido, se ainda tinha. A Flávia queria uma sapatilha assim, dourada, pra vir trabalhar, que combinasse com tudo. E é claro que transparente combina com tudo, ou seja, a escolha perfeita.

O único detalhe é que, se isso tudo não tivesse na moda, seria só um sapato feio.

Uma marmota ridícula, onde já se viu, sapatilha de pvc, imagina o chulé, e esse saltinho quadrado meio idiota, e essa ponteira de plástico pintada de dourado, na primeira topada vai lascar a tinta, etc, etc. Quem usa sapato transparente é funkeira, quer coisa mais brega que salto de acrílico? Pois é, mas só que, nos últimos tempos, o mundo inteiro fez com que a gente desejasse tudo isso junto e misturado, e que acabasse achando a sapatilha da Flávia linda.

Pior que nem foi o Louboutin, que inventou que sapato de vinil transparente fosse lindo. Ele disse que era lindo sim, as celebridades também acharam lindo por algum motivo (é sexy), começaram a usar, até que alguma blogueira de moda conseguiu comprar seu primeiro par com dinheiro de jabá e pronto. Estava feita a perdição. Agora um sapato transparente meio ridículo é um item essencial, must have do verão (ou inverno?), olhe aqui onde conseguir o seu Louboutin inspired. Aliás, bom mesmo é blogueira que vem com o seguinte argumento: fim de viagem, nada melhor que um look bem básico, estou usando essa calça jeans de lavagem preta que, vocês não estão vendo a etiqueta e de forma alguma conseguiriam saber, mas SIM, é de grife, e olha só, quer coisa mais básica e confortável que um sapato transparente de salto alto e fino?

Não entendo os conceitos de básico ou de conforto, mas quando eu estou no fim da viagem, não consigo sequer imaginar usar um salto, quanto mais um de plástico transparente que vai ficar todo suado e criando lama em 3 segundos. Sim, sou puro glamour, só tem gente que finge não ser.

Mas aí que trabalhamos com moda, e acabamos acreditando nessa baboseira, e desejando tudo. Desejamos tudo ao nosso redor, tudo nos instiga, passar o dia vendo imagens bonitas ajuda esse interesse infinito em ter tudo. Porque não é exatamente o comprar, nem o usar, é o prazer de ter. Porque compramos, compramos e compramos, só para ter uma centena de maxi colares acumulados, meio sem propósito, porque no fim das contas, só temos mesmo um pescoço, e daqui que a gente consiga usar tudo que tem, lá vem os nano colares apontando como as tendências de novo. E as celebridades usando, e as blogueiras ganhando de presente, e a gente passando a acreditar que sim, precisa de um micro colar agora. Porque maxi é so yesterday (nem last season ele consegue ser).

Eu mesma sou uma que vibro quando vejo uma blogueira usando uma peça que eu já tenho, porque sei que é menos uma coisa que eu vou ter vontade de ter, porque ei, eu já tenho. Veja bem, eu não estou usando, eu nem lembro quando foi a última vez que usei, mas eu tenho. Está lá.

A gaveta entulhada de maquiagens, o armário cheio de sapatos de captoe (aliás, quem foi que inventou esse termo?), para o quê? Para o dia em que eu resolvo pisar fora de casa, ou para ficar usando no trabalho? Para que mesmo que eu preciso gastar 300 reais numa sapatilha, para usar quando for trabalhar no Montese? É, exatamente pra isso. Taí o meu sneaker (amor verdadeiro, amor eterno - até que a temporada mude) que não me deixa mentir. Só pra ter. E ter, e ter. E cada vez mais morar num lugar atulhado, reclamando de espaço, e tendo, e tendo.

Porque fazem a gente acreditar que a gente precisa, que a gente realmente não vai conseguir viver sem. Como sair de casa agora sem uma calça estampada? Como posso respirar sem minha sapatilha transparente com spikes, agora que a Flávia tem uma? 

Estou me policiando para querer menos, desejar menos, ter menos. Mas com tanto estímulo ao nosso redor, realmente fica difícil conseguir sair da avalanche de "opiniões", respirar o ar puro e gritar: ESSE SAPATO É FEIO. E eu NÃO preciso dele!

A não ser no dia que ele fique de promoção, esquema desconto progressivo de 3 sapatos com 60% de desconto, para que eu possa, enfim, ser mais uma. E também ter.

(07/30)

–…a nossa casa – ele sussurrou, num esforço tremendo, com os olhos ainda fechados.


Tive vontade de gritar, de pular, um assomo de felicidade tomando conta de mim. É engraçado como, em pouco tempo, nossa vida consegue mudar devido a presença (ou à falta) de uma pessoa. Quis beijá-lo e abraçá-lo, mas meus carinhos foram interrompidos pelo enfermeiro, que agora me empurrava para fora do quarto, sua mão fechada firme em meu braço.


– Ei! – eu gritei – Ei, me solta! Eu preciso falar com ele!
– Sinto muito, mas você não me deixou escolha – ele respondeu, azedo.

A porta atrás de mim foi fechada, mas não sem antes que eu pudesse ouvir seu timbre irritado dizer: "o Z acordou".

* * *

Naquela noite, a insônia retornou, mas dessa vez cheia de outras lembranças e alegrias, a ansiedade e o amor enchendo meu coração ao mesmo tempo, fazendo com que o sono fosse impossível. Meu quarto vazio (agora que todos sabiam que ele estava bem) me envolviam com suas histórias, sua voz sussurrando "a nossa casa"... Incrível como basta notar que vamos perder alguém para passar a apreciá-lo ainda mais. Eu já o amava, embora apenas o pensamento daquelas palavras fizesse com que meu coração pulasse algumas batidas, e agora... O amor não cabia em mim.

Cheguei ao hospital na manhã seguinte sentindo uma enorme leveza, como se eu fosse capaz de flutuar até o saguão, e depois voar ao seu lado por um caminho de tijolos amarelos.

– Vim visitar o Alexandre – anunciei para a recepcionista, um sorriso enorme transparecendo em meu rosto. Alex... Alex.
– Ele foi transferido de hospital.
– Como assim ele foi transferido?! Falei com a mãe dele ontem a noite e ele estava aqui!

Ela deu os ombros. Toda a felicidade pareceu, mais uma vez, explodir como uma bolha. Tentei manter a calma, mas minha mente agora era incapaz de se concentrar. Como assim, ele havia sido transferido? Como assim? Ontem ele havia acordado, apertado a minha mão, sussurrado... A nossa casa. Sua voz. Seu corpo estirado no chão, com fios passando por dentro dele. Quão errado aquilo podia ser? O que estava acontecendo? Não era mais hora de me pegar lembrando da luz quando refletia no seu cabelo (oh, Heath Ledger, why so soon?), nem de seu sorriso. Eu precisava agir.

– Onde é o banheiro? – perguntei, tentando soar naturalmente, embora quase conseguisse palpar o nervosismo que começava a se apoderar de mim.

A recepcionista apontou, entediada, para uma enorme placa atrás de si. Terceiro andar. Não poderia ser mais conveniente.

– E onde ficam as escadas? Tenho pânico de elevador. Você sabe, espaços apertados, chance de ficar presa, cair no poço...

Ela me encarou com olhos vítreos, e com o mesmo arroubo de alegria, apontou-me uma segunda placa que dizia "Escadas". Despedi-me com a mesma falta de simpatia, e segui pelo corredor em direção à placa, tentando não parecer suspeita. Apesar de me distrair com facilidade, sempre tive uma boa intuição, e ela me dizia para me apressar, o tempo correndo contra mim. Quando não tinha mais no alcance da vista de ninguém, corri. Subi o primeiro lance de escadas, pulando os degraus de três em três, e ninguém pareceu notar a minha presença.

Clarice, a minha amiga, e não a Lispector, um dia havia me dito: "você precisa andar determinadamente, por mais perdida que esteja. Ninguém vai duvidar de você, se você puder passar a segurança que sabe o seu destino". No caso, estávamos perdidas no centro da cidade, procurando um ônibus para voltar pra casa; me pergunto o que ela diria se so ubesse que eu estava pretendendo fazer. Provavelmente estaria do meu lado, me dando cobertura.

Cheguei ao segundo andar, a imagem de Alex com fios no peito aberto voltou a me atormentar, e eu desejei ter lembrado de tudo que ele tinha me dito sobre o experimento – mas não, só conseguia ouvir sua voz rouca, linda, chamando meu nome. Alguma coisa como uma seleção para entrar num estágio... Ou seria uma bolsa? Ou ainda um trabalho da faculdade? "A nossa casa". Encontrei o quarto onde ele estava segundos depois, encontrando-o vazio, e foi como se o mesmo vazio tomasse conta de mim.

Quando conheci Alex, tudo pareceu se encaixar: minha paixão pela faculdade, meu amor no tempo livre, a vida no campus, meus planos para o futuro. A vida seguia num fluxo natural, completamente guiada pela minha felicidade. Pela nossa felicidade. Agora... Não havia nada, só o acidente, ele acordando, e agora sua ausência. Permaneci no quarto vazio, a cama impecavelmente arrumada, a janela semi aberta. E a sensação crescente de que algo muito errado estava acontecendo ali.

Sentei-me na cama, na mesma posição onde estivera no dia anterior segurando a sua mão, e pude ver um papel amassado escondido debaixo de uma cômoda. Apressei-me para pegá-lo, meus dedos trêmulos. Era a sua caligrafia! Os S fazendo curvinhas disformes, mas inconfundíveis.

Centro de Pesquisas Humanas em Z...

Era impossível ler o final. A letra estava borrada, apenas algumas tornando-se legíveis. Z... Zu? Zum? Zubat? Não, isso era um pokémon. Zumbot? Isso era uma palavra?

– Centro de Pesquisas Humanas em Zumbot – li em voz alta, tentando assimilar aquilo – Onde já vi essa palavra antes?

E então, lembrei.



PS: Essa história continua! Sim! Você pode ver o capítulo anterior no blog da Rafinha, e o próximo vai sair daqui a um dia no blog da Nathy. O que são Zumbots? Onde eles vivem? Onde está o Alex? Esse mês, na Máfia.
PS2: Estou viva, dizem.


O início

Era o meu presente de aniversário. Papai chegou com a proposta um mês antes, dizendo que tinha visto o anúncio no jornal, e que seria ótimo. Ainda me deu poder de escolha: Dachshund ou Terrier Brasileiro (até então conhecido oficialmente como Fox Paulistinha, mas que todos chamam até hoje). Usei toda a minha sabedoria de cinco anos para dizer "salsichinha não, prefiro o outro", que eu sequer conhecia. Coisa de criança mesmo.

Minha mãe foi terminantemente contra, desde o principio. A Duna, que era uma vira-lata preta e de pelo assanhado que ela havia criado junto com o meu pai, havia morrido há algum tempo, mas o sofrimento do fim ainda permanecera. Não tiro a razão dela, mas meu pai simplesmente não se importou, e quis fazer do jeito dele. Meu pai geralmente é assim, de qualquer forma.

O dia de pegá-lo se aproximava, e lembro de ter desenhado um cartão de boas vindas. Era algo simples, desenhado de canetinha, com um enfeite de patinha que demorei pra fazer igual. E o melhor, tudo já tinha sido decidido. Não lembro exatamente de quem foi a ideia, se meu pai propôs e eu aceitei, ou se partiu de mim. Vai se chamar Tatau. Quando eu era bebê e estava aprendendo a falar, todos os meus brinquedos se chamavam Tatau, até que eu fui crescendo e escolhi apenas um para ser o portador desse nome. Tatau. O Tatau original era um tigre, e ele ainda está no alto da minha estante.

Fomos no Jeep azul do papai, com jornal forrado debaixo dos meus pés, eu carregando a coleira dele, que era apenas cordão preto com uma argola para ajustar. Não era preciso muito. Fui ansiosa, claro, mas não lembro se fui tagarelando até o local (que parecia longe, muito longe, fora da cidade, mas que poderia ter sido num bairro vizinho), ou se fiquei muda na expectativa. Não lembro do homem que criava, e as minhas lembranças desse dia acabam se confundindo. Lembro de entrar com o papai num quintal e lá ter a mãe do Tatau, com vários filhotinhos preto e branco. Lembro que meu pai me pediu pra escolher, e não sei exatamente qual foi o critério que usei para querer o filhote que se tornaria o meu melhor amigo. Provavelmente escolhi o mais quieto, o mais afastado, mas não posso dar certeza.

Ele era miudinho, a cabeçinha preta com as bochechas e sobrancelhas marrons (os guias de cachorro chamam a cor de pimenta), e uma faixa branca que ia do focinho até a testa. Era perfeito, era o Tatau. Era o meu Tatau com sua coleirinha de cordão. Colocamos o Tatau no carro, aos meus pés, e lembro do seu calor. Ele logo fez xixi. Mal sabíamos nós o quanto ele ia aborrecer todo mundo com essa história de fazer xixi, e muito menos que ele ia parar, e menos ainda que iria se tornar dependente de mim para fazê-lo. Naquela época, era o Tatauzinho, meu filhote.

Ele ficou na varanda do nosso apartamento, e chorou um pouquinho nos primeiros dias. Ficava constantemente do lado dele, super curiosa com aquela novidade, e ele super curioso comigo também. Desde o comecinho que o Tatau me marcou como igual, não como sua dona, não como sua lider, mas sua igual. Eu era sua irmã na matilha que era a minha família.

Nos primeiros dias, ele foi correr pra varanda e se bateu no vidro fechado. Eu tinha vontade de ficar com ele o tempo todo, e dar carinho até minha mão fazer uma cãibra, mas meu irmão me disse para me afastar e não deixar o cachorro "mufino". Devo ter me afastado, ou então era só conversa dele, porque ele nunca foi "mufino". Era só o cachorro mais legal do mundo e pronto. E com certeza ele não me achava a pessoa mais legal do mundo, mas eu estava ali, uma cachorra meio diferente, que ele gostava de brincar de vez em quando. Tatau era muito independente, e acabou se tornando absolutamente dependente nos últimos meses. Ele não gostava de muito carinho, cinco minutinhos estava bom, me solta, que saco, deixa eu ir passear. Era muito esperto. Passava o dia dentro de casa fazendo as coisas dele - o quê exatamente não posso nem imaginar -, e quando eu chegava no colégio vinha correndo me receber, e nós brincávamos. Lembro que no período de férias a gente brincava todo dia, eu conversava horrores com ele. Mas aí chegava um dia em que eu aparecia de tênis e farda, pronta para ir pra aula, e ele olhava para aquilo e entendia tudo. E se afastava, meio chateado, tentando entender o que era que a irmã dele fazia o dia inteiro longe. Até os últimos momentos em que eu estive de férias, e depois tive que retornar (ao colégio, à faculdade, às viagens que acabei fazendo, e depois ao trabalho), ele ficava triste. Se estava em casa, passava o dia ao lado dele, fosse eu sentada no chão com ele próximo, fazendo carinho em seu pêlo curto e macio e lendo um livro ou vendo tv, ou ele deitadinho aos meus pés enquanto estava no computador.

A notícia que recebi ontem ainda me parece irreal. Não consigo acreditar que você, que já passou por tanta coisa, possa não estar mais do meu lado. Fui dormir ontem tranquila em saber que você estava bem, mas esperando ouvir o "tic tic tic tic tic" das suas patinhas andando pela sala. No inicio, andando rápido e energético, cheio de curiosidade com algum objeto novo ou algum cheiro. E no fim, bem devagarzinho, mancando, feliz por ainda estar em pé. Boa noite, Tatau.

25 anos. Mora no Rio de Janeiro, é carioca de alma, mas cearense de coração. É designer e está tentando se encontrar nesse mundo. Sou casada com meu melhor amigo, o Marcelo Bernardo, e mãe da Dindi the Boston.

Gosto de ler, de dormir de rede, de inspirações repentinas e de petit gateau. Mas o mundo seria muito melhor sem aliche gente que fura fila. Ah, e de vez em quando eu desenho.

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Esse blog está vestido com as roupas e as armas de Jorge, porque ninguém há de copiar esses textos e ilustrações sem dar o devido crédito.