Os Quereres


Estava tentando fazer a minha wishlist de Natal, começando a me atormentar pela pressão de ter que escolher tudo que eu sempre quis, e nunca tive coragem de comprar - e esperar pacientemente a noite do dia 24 para, depois de ter me esbaldado nas duas ceias de família, abrir todos os meus presentes e descobrir o que ganhei. Eis que, olhando pra folha em branco e praticamente espremendo meus pensamentos me perguntando o que eu quero, cheguei num momento único vivido até então: o que quero, ninguém pode me dar.

Meu armário está cheio de vestidos lindos que já usei, mas quero usar de novo ainda muitas vezes, até enjoar. Shorts eu me viro nos DIY, transformando calças masculinas de brechó de R$ 15 com água sanitária e lixa até ficar com carinha de R$ 259 - então não. Blusas também tenho várias que ainda nem consegui usar. Acessórios eu encontrei minha mina de ouro, alma gêmea e companheira para horas ociosas, o eBay. Perfumes já encontrei o da minha vida, e no quesito maquiagem me sinto completa com minha Naked Palette e meu Benetint/Moon Beam da Benefit. Tenho uma bolsa de estimação que supre todos os meus looks (bolsinha verde da Farm, amor verdadeiro, amor eterno), e embora meus sapatos de sair estejam meio desfalcados, não senti meu coração palpitar por nenhum último lançamento da Santa Lolla. E, respirando fundo pela primeira vez, refletindo sobre tudo, percebi que isso só consegui enxergar meu closet abarrotado de coisas legais com meu detox de blogs de moda. Não preciso de tudo.

É incrível como passar um mês sem ler repetidamente, dia após dia, que você precisa dessa nova calça, e não vive sem essa camisa de botões que arrematam o look com maxi colar Shorouk inspired, faz com que você consiga se afastar dessa loucura do consumo desenfreado, e ver o que realmente você quer. Parece exagerado, mas é como ver através de uma névoa.

Eu quero dias calmos, quero dias de folga. Quero acordar tarde, sentir o sol no cabelo e o sal no rosto, o silêncio incrível da casa de praia. Eu quero ver o sol. Eu quero rir até ficar com falta de ar. Eu quero tirar fotos lindas e ter tempo de editá-las, fazer um álbum, e poder revê-las com carinho. Eu quero desenhar o mundo, quero aquarelar todos os meus projetos, e quero testar todos os brushes que existem nesse infinito do Photoshop. Quero treinar, quero desenhar por prazer, e quero me perder escrevendo cenas pela madrugada, simplesmente incapaz de dormir porque meus personagens não deixam. Eu quero ter festas pra onde ir, estreando meus vestidos, e mostrando pro mundo as maquiagens que eu gosto de perder tanto tempo aprendendo no YouTube. Quero curtir e manter a minha ruivice momentânea. Eu quero ajeitar esse layout, e quero postar sempre, ao invés de ficar esperando o momento que nunca vem. Eu quero ir a restaurantes novos, e quero testar receitas novas... Quero ter tempo para procurar receitas novas, e coragem para desbravá-las. Quero acertar fazer hashbrown e fazer rabanadas. Quero que o Natal chegue, quero preparar a ceia, quero rir com meus avôs e ser mimada pelas minhas tias. Quero um tempo leve, sem dor de cabeça, para que eu possa aproveitar tudo que tenho de material, ao invés de simplesmente ter. Quero viver.

Agora, livros são sempre bem-vindos.
E todo mundo sabe o que eles dizem sobre diamantes, viu, Marcelo Bernardo?

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Estou meio monotemática/batendo na mesma tecla, mas o que posso fazer? Eu mesma bato nessa tecla todo santo dia, toda hora, a cada momento salvando imagens no computador da firma. Quem sabe se eu superar essa fase que é viver na pressão da moda, e voltar a conseguir viver a vida leve, eu volte a falar de coisas simples e queridas. Essa é a meta, pessoal, vamos conseguir antes que o fim do mundo chegue!

Pudding Desconexo

Quando tinha 16 anos e passei no vestibular para moda, acabei indo fazer um semestre de jornalismo. Como toda adolescente que adorava escrever, era a opção até natural - mas acabou que a única coisa que aproveitei desse um semestre sofrido na faculdade particular foram as aulas de Design Gráfico, que me ajudaram (e ajudam até hoje) nos anos seguintes. Estava terminantemente decidida por moda, pelo design... E mal sabia eu que ia amar fazer meu TCC, anos depois, e poder entrevistar as pessoas, e passar dias escrevendo sobre isso, me sentir no fechamento de uma edição regadas a café, e tal. Ah, as voltas que a vida dá. Eis que um dia, na querida Máfia, surge a oportunidade de entrevistar uma amiga mafiosa. Acabou que a vida (de novo ela) me enrolou e quase não consigo pensar em perguntas que fizessem jus à tudo que eu poderia querer saber sobre a minha entrevistada, colocando meu lado jornalístico adormecido chorando no cantinho, mas enfim, vamos a ela:


A Alessandra Castilho de Souza Rocha, ou Ale, que comanda o Desconexa Sensação, tem esses olhos incrivelmente verdes e só 19 anos (e 5 meses, 2 semanas, e 4 dias... Ok, quase vinte). Nasceu e foi criada na Paulicéia Desvairada, conhecida como terra da garoa, popularmente apelidada de São Paulo. A Ale divide o tempo dela entre fingir que estuda Design Gráfico e trabalhar numa livraria, e no tempo que sobra come, dorme, assiste tv, lê e come mais um pouco.

BEAUTÉ
A Ale tem os cabelos curtos, cacheadíssimos, mas desde que estamos na máfia esse cabelo já foi enorme, liso, repicado. Ela diz que nunca sai do cabeleireiro duas vezes com o mesmo corte. Como toda entusiasta da beleza, que tenho pastas e mais pastas de inspiração capilar guardadas, me perguntei qual a próxima inovação capilar: "Quero escurecer os fios mais um pouco, e quem sabe deixar ele crescer mais um pouco pra fazer aquelas mechas arco-íris, tipo a da Katy Perry no clipe de Firework. Quem sabe?"

E no resto do corpo, mudaria alguma coisa? Como toda mulher, a Ale se diz mestra em achar defeito em si mesma - "Não gosto das minhas pernas e pés, e não me importaria em ser alguns centímetros mais alta, mas acho que se não fosse assim eu não seria eu"

PROFISSÃO
O drama que envolve a escolha da profissão a acompanha desde o colegial. "Durante toda a vida acadêmica enfiaram na nossa cabeça que escolher um profissão é uma coisa importante porque é o que vamos fazer pro resto das nossas vidas. Mas depois do colegial a gente tem a certeza de que nada é para sempre e que eu posso muito bem ter várias ocupações que se complementam". Depois de terminar a graduação tecnóloga em Design Gráfico, já tem em mente mais duas que gostaria de cursar. Não apenas para seguir carreira, mas pelo simples desejo de se aprofundar mais sobre outras áreas. "Mesmo que eu não vá trabalhar na área acho que estou aprendendo coisas extremamente pertinentes que vão me ajudar algum dia." Com toda a calma do mundo, já que graduações levam tempo, ela se diz feliz com suas escolhas, já que tudo que fez no que concerne profissões possibilitaram o encontro com pessoas maravilhosas da área, que têm muito o que ensinar. "Sou extremamente grata por isso."

INTERCÂMBIO
Até a metade de 2012, a Ale passou uma temporada em Dublin, na Irlanda. Quando questionada o que vinha em sua mente quando pensava nesse tempo, vieram as lembranças das festas, dos amigos. De passar momentos de reflexão pessoal sentada no parque, ou andando às margens do rio Liffey. "Acho que tudo isso pode ser resumido nas coisas que aprendi lá".

Liffey River

E na saudade que você só passa a conhecer quando mora fora, ela destaca:
"Lugares que já estive, pessoas (mesmo as que estão quase sempre por perto) e não posso deixar de citar o grande Renato Russo ao dizer que com certeza sinto falta de tudo o que eu ainda não vi, principalmente as quais infelizmente eu não tenho mais como ver."

FUTURO
Em 10 anos planeja estar escolhendo o apartamento dos sonhos, num trabalho que a realize - de preferência, um trabalho descolado que evite a rotina -, saindo para happy hour com amigos e colegas de trabalho para comemorar, sempre, suas conquistas. Alguém duvida que ela vai conseguir tudo isso?

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Esse foi o Pudding brincando de revista feminina com a linda da Ale. Fui entrevistada pela Rafinha, e você pode ler as minhas respostas tolas aqui.

25 anos. Mora no Rio de Janeiro, é carioca de alma, mas cearense de coração. É designer e está tentando se encontrar nesse mundo. Sou casada com meu melhor amigo, o Marcelo Bernardo, e mãe da Dindi the Boston.

Gosto de ler, de dormir de rede, de inspirações repentinas e de petit gateau. Mas o mundo seria muito melhor sem aliche gente que fura fila. Ah, e de vez em quando eu desenho.

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